O futuro da Amazónia nas eleições do Brasil
por Rodrigo Dias
No próximo dia 30 de Outubro, o Brasil vai à segunda volta das eleições e está em causa mais do que o futuro do país: está em causa o futuro do ambiente.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, estendendo-se por toda a bacia hidrográfica do rio Amazonas, em si, o maior rio do mundo (em caudal). Mais de metade de toda a floresta tropical mundial encontra-se na Amazónia. Não é então de estranhar a sua importância. A floresta é o lar de mais de 2,5 milhões de espécies de insetos e milhares de mamíferos, repteis, peixes e aves exóticas, que formam um ecossistema único, com extrema importância para a manutenção da biodiversidade mundial.
Mas este ecossistema tem sido constantemente ameaçado pela ganância humana e o egoísmo do capital. Mais de 35% da floresta tropical amazónica desapareceu, vítima da desflorestação para a expansão da indústria agropecuária e mineira. Este ritmo de destruição da Amazónia tem consequências inimagináveis: na última década, a Amazónia emitiu mais dióxido de carbono do que aquele que absorveu, algo que previamente não tinha sido registado.
Pastagem e produção de soja são as principais razões para o desflorestamento da floresta, mas nem assim os brasileiros têm direito a qualquer benefício económico. Quase toda a produção é para exportação, enquanto milhões de brasileiros têm dificuldades em colocar comida na mesa.
Na primeira década dos anos 2000, a percentagem de desflorestação da Amazónia havia vindo a diminuir, fruto de políticas ambientais mais restritas e uma regulação mais intensa. No entanto, desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2019, os crimes ambientais e o desprezo pela floresta e os povos e espécies que a habitam têm aumentado exponencialmente.
Desejoso por agradar o grande lobby da agropecuária, o governo de Bolsonaro desmantelou as instituições ambientais, enquanto cortou na legislação, permitindo uma maior exploração dos terrenos por parte dos agricultores. Só em 2021, cerca de 10.000 quilómetros quadrados foram perdidos, o equivalente à cidade de Manaus ou 3x mais do que a Área Metropolitana de Lisboa.
A posição do presidente do Brasil perante a comunidade internacional apenas reflete as suas intenções. Jair Bolsonaro já mencionou publicamente que a Amazónia pertence ao Brasil e que, por isso, não deve a explicação das suas ações a ninguém. Mas como se diz popularmente, "o mundo é redondo" e o desflorestamento da Amazónia não afeta apenas os brasileiros. Num planeta já saturado e em vias de consequências climáticas irreversíveis, a última coisa que é necessária são mais quatro anos de desprezo pela maior floresta tropical do planeta, pelas espécies e populações que lá habitam e pela população brasileira e mundial.
Não nos deixemos enganar. No que diz respeito à Amazónia, o compromisso de Bolsonaro não está com os todos os brasileiros, somente aqueles que à custa de todos os outros, procuram enriquecer desalmadamente. A ganância, o egoísmo, a sede por lucro dos grandes capitalistas continua a matar o nosso planeta. A Amazónia não sobrevive a mais quatro anos de Jair Bolsonaro e dos grandes interesses capitalistas. É necessário mudar, não só de presidente, mas de mentalidade. É necessário mudar antes que seja tarde demais. É necessário preservar a Amazónia. Para o futuro de todos nós.