Noticias Ambientais Positivas - Nov' 23
1.
O jardim zoológico de Chester, localizado em Cheshire, na Inglaterra, celebra o nascimento de um rinoceronte negro oriental. A cria fêmea nasceu às 14h45 do dia 12 de novembro, após uma gravidez de 15 meses da rinoceronte Zuri. As duas estão completamente inseparáveis desde o nascimento. Os tratadores do jardim zoológico ficaram encantados com o nascimento da cria durante o dia, permitindo que o momento fosse captado em filme.
O rinoceronte negro oriental está classificado como criticamente ameaçado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o que significa que existe uma grande probabilidade de se extinguir na natureza. Há mais de um século que os rinocerontes são caçados e objeto de caça furtiva pelos seus chifres, que são vendidos em mercados ilegais de animais selvagens. Cerca de 95% da população de rinocerontes de África já se perdeu. Existem menos de 600 rinocerontes negros orientais no Quénia, na Tanzânia e no Ruanda.
Este zoo não é como os outros, pois é um dos principais parceiros de um programa europeu de reprodução de espécies ameaçadas. Em 2019, liderou um projeto em que um grupo de rinocerontes negros orientais foi criado em jardins zoológicos europeus e transferido para o parque nacional de Akagera, no Ruanda. Precisamos de mais zoos assim. A SEE.FLUL deseja os parabéns à Zuri.
2.
Como provavelmente já saberão, a COP28 terá lugar no Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro. Esta Conferência das Nações Unidas sobre o Clima será diferente das outras por duas razões. Em primeiro lugar, as comunidades de agricultores indígenas terão uma plataforma pela primeira vez. Esta iniciativa sublinhará a necessidade fundamental de respeitar e valorizar os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas e os conhecimentos locais dos agricultores, pescadores e outros produtores de alimentos. Em segundo lugar, o evento abrirá um precedente ao dedicar um dia temático aos sistemas alimentares, a 10 de dezembro. É expectável que os agricultores, as empresas, a sociedade civil e outras partes interessadas façam anúncios ambiciosos e apelos à mobilização para fazer avançar ainda mais a importância dos sistemas alimentares no ano em curso.
Estudos recentes revelam que os sistemas alimentares contribuem para cerca de um terço das emissões globais de gases com efeito de estufa. Já que um terço dos alimentos do mundo é desperdiçado, mais de 700 milhões de pessoas passam fome de forma alarmante. Um número impressionante de 3 mil milhões de pessoas não tem acesso a uma alimentação nutritiva. Este problema tende a agravar-se devido aos efeitos adversos dos fenómenos meteorológicos extremos e da perda de biodiversidade na agricultura mundial.
Estrella Penunia, Secretária-Geral da Associação de Agricultores Asiáticos para o Desenvolvimento Rural Sustentável (AFA), afirmou numa conferência realizada antes do Dia Mundial da Alimentação que, embora cerca de 4% do financiamento climático seja afetado à agricultura, apenas 1,7% chega aos agricultores familiares. De acordo com Penunia, os governos, os parceiros de desenvolvimento, o sector privado e as organizações da sociedade civil devem unir-se para apoiar os agricultores indígenas. Ela enfatizou a necessidade de políticas e programas favoráveis para expandir e aprimorar seu trabalho e para que financiamento suficiente seja direcionado para a agricultura.
Existem compromissos reais, como o equilíbrio entre a conservação da biodiversidade, a nutrição, os meios de subsistência dos agricultores e as emissões de gases com efeito de estufa. Sob a liderança da presidência da COP28, prevê-se que os líderes mundiais se unam para aprovar uma declaração sem precedentes que reconheça as ligações inegáveis entre os sistemas alimentares, a agricultura e as alterações climáticas na Cimeira Mundial de Ação Climática, a 1 e 2 de dezembro.
3.
O Comité Internacional de Negociação (CIN, ou INC em inglês) sobre a Poluição por Plásticos teve lugar de 13 a 19 de novembro em Nairobi, no Quénia. Os Estados-Membros da ONU decidiram avançar com a preparação de um projeto de texto de tratado antes da próxima reunião do INC, que terá lugar no Canadá, em abril. Com este passo, o processo conducente a um acordo global juridicamente vinculativo sobre a poluição por plásticos, iniciado em março de 2022, entra numa fase mais avançada.
A UE está a assumir um papel de liderança na ação global sobre os plásticos, como demonstrado pelo seu apoio à criação da 'Coligação de Elevada Ambição para Acabar com a Poluição por Plásticos'. A Coligação defende um tratado ambicioso e eficaz que abranja todo o ciclo de vida dos plásticos para acabar com a poluição por plásticos até 2040. Além disso, a Comissão Europeia propôs novas regras para combater os resíduos de plásticos e embalagens de plástico, bem como os microplásticos, em conformidade com o Plano de Ação para a Economia Circular da UE no âmbito do Pacto Ecológico Europeu.
4.
De acordo com os novos resultados de uma investigação realizada em colaboração entre a Universidade de Lancaster, a Universidade de Bangor e a Universidade da Colúmbia Britânica, as florestas secundárias que cresceram naturalmente em terras abandonadas pela agricultura são importantes para contrariar os efeitos da fragmentação florestal na bacia amazónica e ajudam a proteger as florestas antigas que ainda restam.
Este facto acaba de ser publicado num artigo na revista Environmental Research Letters. Trata-se de um resultado da investigação de doutoramento de Charlotte Smith, no âmbito da Parceria para a Formação Doutoral Envision, da qual a Universidade de Bangor é parceira. Segundo Smith, "as florestas secundárias estão a proteger 41% das orlas de florestas antigas, protegendo-as potencialmente dos efeitos negativos das orlas, como temperaturas mais quentes e vento. A proximidade de florestas antigas pode também contribuir para a taxa de recuperação da biodiversidade e da biomassa nas florestas secundárias. É positivo o facto de 94% das florestas secundárias estarem ligadas a florestas antigas. No entanto, muitos remanescentes florestais antigos são manchas pequenas e degradadas, pelo que apenas 57% das florestas secundárias estavam ligadas a uma área de floresta antiga extensa e estruturalmente intacta".
O coautor do artigo, John Healey, Professor de Ciências Florestais na Universidade de Bangor, descreveu como este mostra "que as florestas secundárias cobrem apenas 190 000 km2 da Amazónia, mas ligam mais de 2 milhões de fragmentos isolados de floresta antiga, proeminentes entre os habitats mais importantes do mundo para a conservação da biodiversidade. As florestas secundárias estão a ajudar a manter a conetividade das manchas de floresta antiga que são demasiado pequenas para suportar populações viáveis a longo prazo de espécies raras". Healey salientou a importância desta investigação: "Fornece novas e poderosas provas da importância da gestão das florestas à escala da paisagem. A promoção da recuperação florestal através de florestas secundárias localizadas junto a remanescentes florestais antigos pode desempenhar um papel vital tanto na conservação da biodiversidade nesses remanescentes como na taxa de recuperação da biodiversidade nas próprias florestas secundárias."
Todos os cientistas sabem que a Terra tem a capacidade de se auto-regenerar, tal como a Floresta Amazónica acabou de comprovar. Mesmo que haja uma extinção em massa, a natureza encontrará uma maneira de sobreviver. Nós não temos essa sorte e, portanto, temos de agir antes que os danos sejam irreversíveis.
Fontes:
Brown, M. (2023). Chester zoo celebrates birth of critically endangered eastern black rhino. The Guardian. [online] Disponível em https://www.theguardian.com/world/2023/nov/22/chester-zoo-celebrates-birth-eastern-black-rhino
environment.ec.europa.eu. (n.d.). Negotiations towards a new global instrument to combat plastic pollution advance. [online] Disponível em https://environment.ec.europa.eu/news/negotiations-towards-new-global-instrument-combat-plastic-pollution-advance-2023-11-20_en
Kibet, R. (2023). Indigenous Voices and Food Systems Lead the Way at COP28. [online] Inter Press Service. Disponível em https://www.ipsnews.net/2023/11/indigenous-voices-leading-way-cop28/
ScienceDaily. (2023). Naturally regrowing forests are helping to protect the remaining old forests in the Amazon. [online] Disponível em https://www.sciencedaily.com/releases/2023/11/231113111706.htm.